Defendida reciprocidade dos mercados e tarifas zero
- anivec
- May 5
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Updated: May 6

Notícia Radio Vizela
César Araújo defende reciprocidade dos mercados e tarifas zero entre a Europa e os EUA para proteger a indústria têxtil
Em plena visita aos Estados Unidos da América, o presidente da Associação da Indústria do Vestuário e Confeção (ANIVEC), César Araújo, esteve à conversa com a Rádio Vizela sobre as novas tarifas aduaneiras norte-americanas, que têm vindo a ser propaladas por Donald Trump, e destacou a urgência de uma resposta coordenada da União Europeia.
O também administrador da Calvelex defende que a relevância económica do espaço norte-americano para Portugal é inquestionável e que, para a indústria do têxtil e do vestuário, é imperativa a implementação de estratégias que permitam crescer a quota deste mercado, já que se avizinham tempos de profunda transformação nas relações internacionais entre mercados.
Sobre o anunciado aumento das tarifas por parte dos EUA, César Araújo foi claro: “Nós somos a favor da reciprocidade dos mercados. Mas isto não pode ser um processo gerido por impulso, tem de ser um trabalho realizado ao longo do tempo”. Apesar de admitir que Portugal pode beneficiar, comparativamente a outros países, devido à existência de acordos comerciais, alerta que o problema está no consumidor final: “O cliente, se comprar a Portugal, ele pode refletir o preço final no consumidor? Não! Um consumidor que estava habituado a pagar 100, ele não vai comprar o mesmo produto por 300. Este é que é o problema e, por isso, isto deveria ser um processo de reciprocidade e gerido com muita calma”.
“Agora, a Europa está numa boa posição, e foi isso que nós (ANIVEC) sempre defendemos, reciprocidade de mercados, por isso é uma grande oportunidade para a Europa baixar as taxas aduaneiras a zero e permitir que estes dois blocos consigam ter uma relação comercial mais saudável, mais transparente e com reciprocidade dos mercados”, acrescenta.
Durante a sua estadia nos EUA, César Araújo reuniu com representantes da AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, tendo partilhado preocupações relativas a uma eventual guerra cambial que pode ter repercussões tão graves como uma guerra tarifária. Dá o exemplo da desvalorização do dólar que faz com que, consequentemente, as taxas impostas acabem por ser ainda mais penalizadoras. Daí que a moratória de 90 dias anunciada pela Comissão Europeia, à semelhança do que fez os EUA, é vista com bons olhos pelo presidente da ANIVEC: “É um ato de boa gestão que vai permitir que os países se sentem à mesa da negociação e, que depois, cada um negocie as medidas mais adequadas a cada país. Mas aqui a Europa e os Estados Unidos têm uma grande oportunidade, que é liberalizar estes dois mercados. Eu sou a favor que a Europa e os Estados Unidos venham a ter livre circulação de pessoas, mercadorias e capitais. Isto é que era um grande salto e seriam dois grandes blocos que iam mostrar ao mundo boas práticas de governação, e aí podíamos ter uma regulação muito mais harmoniosa no mundo”.
O empresário vizelense alertou ainda para a necessidade urgente de regulamentar a entrada de produtos de baixo custo oriundos de países terceiros: “Se não regularmos rapidamente a entrada de produtos sem pagamento de qualquer imposto, a Ásia vai inundar a Europa de produtos baratos, que é o único mercado que os pode absorver”.
Apesar de todas as adversidades, César Araújo mostra alguma confiança no futuro: “A Europa e os Estados Unidos vão chegar a bom porto nas suas negociações de reciprocidade, isto é, taxa zero para exportações e para importações”. Mostra também esperança de “que a Europa regule rapidamente os minimis à importação e o SPG, que é aquilo que permite empresas importar produtos de baixo valor acrescentado, de países terceiros, sem qualquer taxa aduaneira”.
Reuniões recentes em Bruxelas, em sede própria, reforçaram o posicionamento da ANIVEC, que exige ser ouvida. “Muitos dos comissários ou dos nossos eurodeputados não conseguem ver, infelizmente, a amplitude desta problemática e é nossa obrigação ir lá e explicar. A ANIVEC tomou a decisão de não aceitar as políticas que impactam o desenvolvimento económico da nossa indústria. Não aceitamos mais que esta tenha sido dada como moeda de troca em relação a outros setores. A ANIVEC disse “basta” e, a partir de agora, vamos discutir estes assuntos em sede própria”, assegurou o responsável.
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